Fluxo de Caixa por Saldos Intermediários de Disponibilidade
Classificação de Pagamentos por Níveis de Exigibilidade
Luis Enrique Villanueva[1] (CEO da ELLU Engenharia & Consultoria)
RESUMO
Em empresas, o Fluxo de Caixa é a ferramenta de gestão financeira por excelência. Com maior ou menor sofisticação em sua concepção é utilizado para administrar um recurso escasso. O dinheiro. Porém, sua estruturação pautada na soma algébrica de Saldo Inicial, mais Recebimentos, menos Pagamentos, e que levam ao Saldo Final, raramente organiza os compromissos pelas Exigibilidades e menos ainda cria Saldos Intermediários de Caixa que evidenciem o degradê nos Níveis de Liquidez. Em geral, se vá do Saldo Bruto Disponível (Saldo Inicial mais Recebimentos) ao Saldo Final sem segmentar Pagamentos, pois são vistos com um todo único e indivisível. Neste artigo, referenciados nos níveis de resultados observados na DRE e na Liquidez e Exigibilidade de Ativos e Passivos no Balanço; propõe-se estruturar um Fluxo de Caixa por Níveis Intermediários de Disponibilidade e Grupos de Pagamentos visando alavancar a gestão financeira apoiada na ferramenta e ir ao encontro de tomada de decisões estratégicas baseadas nela.
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INTRODUÇÃO
No dia a dia da Tesouraria nas empresas, o Fluxo de Caixa é uma ferramenta de gestão financeira por excelência. Neles, com maior ou menor grau de sofisticação na sua elaboração (concepção estrutural e recurso tecnológico), são utilizados para administrar um recurso que de maneira recorrente mostra-se escasso, insuficiente e ao mesmo tempo essencial à vida e à própria continuidade da empresa no mercado. O dinheiro. Sua estruturação pautada na soma algébrica de Saldo Inicial de Caixa (SI), mais Recebimentos (RC), menos Pagamentos (PG), e que levam ao Saldo Final de Caixa (SF), nem sempre é otimizada a partir da classificação hierárquica das exigibilidades dos compromissos assumidos pela empresa e nem pela segmentação de saldos de caixa intermediários que dela se desprendem. Na mais das vezes, obedecendo a uma listagem desconexa de rubricas de Pagamentos que no todo acabam reduzindo o disponível de uma “tacada” só. Por outras palavras, assume-se Pagamentos como um todo único a ser honrado, sem reconhecer-lhes as particularidades estratégias que cumprem no contexto empresarial, de maneira que permitam subdividi-las por grupos congruentes.
Assim, referenciados nos níveis de resultados observados na DRE e nos graus de Liquidez e Exigibilidade de Ativos e Passivos no Balanço Patrimonial; propõe-se estruturar um Fluxo de Caixa segmentado por saldos intermediários de disponibilidades e grupos de pagamentos pelas suas exigibilidades, de forma a buscar ampliar a capacidade de gestão financeira da ferramenta em si, segregando questões rotineiras, das estratégicas, otimizando a subsequente tomada de decisões. A justificativa para a busca de um ferramental mais cabal em termos de gestão financeira, prende-se ao fato que casos em que não são evidenciados grupos de pagamentos e nem saldos intermediários de disponibilidades, expõem fragilidades tais que diante de situações críticas de Caixa, escolhas confusas e gerenciamento nervoso, tornam-se rotinas desgastantes do dia a dia, fazendo com que o tempo destinado à geração de negócios, seja consumido pela resolução de problemas cotidianos, urgentes, e não mais focados nos importantes ou estratégicos. De fato, encarar uma situação extrema de Caixa, crítica em termos de disponibilidade, desprovido de ferramental mais consistente que ajude nesse caos, contribuirá invariavelmente para agravar ainda mais o problema em si. De fato, a gestão do caixa no dia a dia das empresas já é angustiante e neurasténica em si mesma; quanto mais, se a cada dia – o tempo todo - se tem de começar do zero.
De fato, a DRE apresenta diversos níveis de resultados entre sua primeira e a última linha (Receita Bruta e Resultado Líquido); passando pela Receita Líquida, o Lucro Bruto e a respectiva Margem de Contribuição, Lucro Operacional, EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) ou LAJIDA e o LAIR (Lucro Antes do Imposto de Renda). É claro que analisar esses resultados e fazer a correta leitura de cada um deles, retornará uma riqueza de conhecimentos sobre o negócio que certamente alavancará com cresses a subsequente tomada de decisões. Da mesma forma no Balanço Patrimonial, nos níveis decrescentes de Liquidez no Ativo e no degradê das Exigibilidades no Passivo, também dão uma noção bastante clara, por exemplo, sobre Prazo Médio de Recebimento (PMR), Prazo Médio de Pagamento (PMP) e Necessidade de Capital de Giro (NCG). Assim, com base nesses referenciais se buscará construir um Fluxo de Caixa que incorpore e se beneficie desses conceitos. Para tanto, emulando a DRE e seus níveis de resultados serão criados níveis intermediários de disponibilidade em degradê de Liquidez e, com base à Liquidez do Ativo e as Exigibilidades do Passivo, se criarão Grupos congruentes de Pagamentos, classificados pelas suas especificidades.
2 – PROPOSTA DE REESTRUTURAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
Destarte dando margem à segregação dos Pagamentos pelo seu grau de exigibilidade e os decorrentes Saldos Intermediários que deles se desprendem, em i) Urgentes ou Compulsórios, ii) Importantes ou Operacionais, iii) Secundários ou Facultativos e, por fim, nos iv) Estratégicos e Societários. Assim sendo, os Saldos Intermediários poderão ser denominados de: a) Saldo Líquido Gerenciável, b) Superavit Operacional e c) Superavit Operacional Ajustado. Por óbvio, a dedução dos pagamentos Estratégicos e Societários, que deduz o Superavit Operacional Ajustado, levará ao Saldo Final (SI), tal como demonstrado na figura abaixo:
No caso, vale esclarecer que as denominações aqui aplicadas e o número de “quebras” realizadas, tanto na segregação dos Pagamentos, quanto nos Saldos Intermediários decorrentes, constituem-se em meras sugestões e que, a sua vez, cada Gerência Financeira ou Tesouraria dentro da empresa poderá adaptá-la à sua realidade.
Todavia, repare que o ordenamento dos Pagamento pelo grau de exigibilidade, decrescente dos mais exigíveis para os menos exigíveis, é inversamente proporcional à capacidade de negociação que há implícita neles. Assim, ela vá dos menos aos mais factíveis de negociação em termos de “permissibilidade” para suspensão ou interrupção dos desembolsos, prorrogação de prazos, reparcelamento de valores e número de parcelas, corte de gastos, adiamento de investimentos etc. Portanto, PG1 é mais exigível, devido à sua condicionante impositiva externa, e sua capacidade de negociação N4 é pouco factível de ocorrer. Já, PG4 é menos exigível, devido à sua condicionante impositiva interna, e sua capacidade de negociação N1 é mais factível de acontecer.
3 – CLASSIFICAÇÃO DE PAGAMENTOS E SALDOS INTERMEDIÁRIOS DECORRENTES
Pelo método cartesiano se conhece que o todo é a soma das partes. Assim, para se compreender o todo com maior propriedade, primeiro se estudam as partes que o compõem. Imbuídos dessa orientação, se aplicará o método à mais apropriada e necessária segmentação dos pagamentos, com claros propósitos de melhor interagir sobre cada grupo homogêneo que se constituir, sob a expectativa de otimizar o uso do dinheiro em cada caso sem, contudo, desistir de garantir a sustentabilidade e continuidade da empresa no mercado. É claro que se os compromissos se organizam pelas suas particularidades comuns, levando em conta o seu grau de exigibilidade e capacidade de negociação implícita a cada grupo, mas também segmentando-os pela relevância e essencialidade perante a atividade-fim da empresa e, principalmente, pela autonomia que há para concebê-las ou não; pondera-se que melhor poder-se-á gerenciar a liquidez como um todo. A seguir, proposta de agrupamento.
3.1- Pagamentos de Nível 1 – Urgentes ou Compulsórios
Agrupa os compromissos assumidos pela empresa sobre os quais não possui qualquer poder de decisão quanto a interromper ou prorrogar o efetivo pagamento na data de vencimento, pois que a sua quitação decorrerá de forma automática devido à expressa autorização já concedida ao credor no ato da assinatura do contrato celebrado pelas partes. Dentre eles, a título de exemplo, podemos citar: Saldo Bancário Devedor (Cheque Especial), PMT de Empréstimos e Débito de Títulos Descontados; Adiantamento a Fornecedores e Compras À Vista, Bloqueios Judiciais, Taxas Bancárias, Débito Automático de Contas de Concessionárias (Light, Cedae, CEG etc.), Impostos Retidos pelo Cliente (ISS, CSRF, IRRF, INSS) e Débito Autorizado de Parcelamentos Tributário, Retenções de Clientes referente Financiamentos realizados através de Operações Triangulares, etc.
Há ainda o caso de existir acordos de Encontros de Contas Financeiros entre Clientes e Fornecedores devido à particular reciprocidade no intercambio de bens e serviços entre as partes. Nesses acordos, ainda quando os faturamentos e seus respectivos recebíveis, de um e outro lado, representam o valor total do bem ou serviço intercambiado, a liquidação do saldo remanescente só ocorrerá após a prévia compensação ou encontro de contas. Por óbvio, nesses casos, bastará a empresa contar com Saldo Bancário disponível ou ainda possuir algum valor Recebível para que a subtração do saldo nominal disponível ocorra. O mesmo raciocínio se aplica às Indenizações Recebidas e os Serviços de Cobrança Externa, em que advogado e intermediário comercial, respectivamente cada um por sua vez, deduz automaticamente os honorários pelos serviços prestados.
Portanto, em se tratando de Pagamentos sobre os quais a Tesouraria não tem como interagir a não ser acatá-los; faz jus apurar o saldo intermediário de caixa que fica excedente após esses débitos automáticos, pois só a partir deste saldo é que ela poderá passar a estruturar sua tomada de decisões em relação aos demais pagamentos. Assim sendo, podemos chamar este Saldo Intermediário 1, de Saldo Líquido Gerenciável, pois este – de fato - pode ser efetivamente gerenciado. Obviamente, para tornar gerenciáveis os débitos automáticos, antes terão de deixar de ter essa condição.
3.2- Pagamentos de Nível 2 – Importantes ou Operacionais
Agrupa compromissos decorrentes da atividade-fim da empresa, essenciais à sua sustentabilidade e continuidade operacional no mercado. Dentre eles são também contemplados os pagamentos associados à preservação da imagem da companhia e eliminação do risco civil-penal, previdenciário etc. de sócios e empresa. Assim, aqui são relacionados: Salários, Encargos Sociais (INSS e FGTS) e Benefícios (VT, VA, Plano de Saúde etc.), Fornecedores de Produtos e Serviços, Telefonia e Dados, Aluguéis e Condomínio (IPTU, Taxa de Incêndio etc.), Contas de Concessionárias (não contempladas em Débito Automático), Impostos sobre as Vendas e Impostos Retidos de Terceiros, Fretes e Carretos, Material de Escritório e Informática, Material de Copa, Higiene e Limpeza, Correios e Malotes.
Neste caso, respeitadas as regras condicionantes, a empresa em si tem a prerrogativa de estabelecer os critérios de pagamento dos compromissos ao contratá-los, procurando sintonizá-los perante sua necessidade de caixa regida pelo PMT e eventualmente renegociá-los, aumentar ou diminuir o seu montante, ou ainda, relativizá-los em função do aumento dos recebíveis ou dilui-los recorrendo à economia de escopo, por exemplo, com propósitos de aumentar o PMP como forma de equilibrar a NCG. Todavia, fica claro aqui que a maior condicionante para os honrar está na premente necessidade de garantir a continuidade da empresa, sob risco de ao não assim fazê-lo, comprometer a sua própria competitividade operacional. Destarte, se nos Pagamentos de Nível 1, a condicionante era externa ou aleia à vontade da empresa[3], neste caso dos Pagamentos de Nível 2, a condicionante é interna ou até mesmo autoimposta pela própria empresa. Assim sendo, podemos chamar este saldo intermediário 2, de Superavit Operacional, à medida que é o que sobrou após o pagamento de custos e despesas importantes ou operacionais.
3.3- Pagamentos do Nível 3 – Secundários ou Facultativos
Aqui são agrupados os Pagamentos também comumente observados nas empresas; porém, que a rigor não se caracterizam como plenamente essenciais ao seu funcionamento e menos ainda condicionantes de sua continuidade. Todavia, essas rubricas contribuem para o melhor e mais eficiente funcionamento e provavelmente – até mesmo - para a alavancagem de sua competitividade operacional, mas que numa situação extrema ou crítica em termos de Caixa, provavelmente seriam dispensados ou ao menos interrompidos temporariamente, sem que – para tanto – se observe alguma quebra gritante no ritmo ou eficiência da atividade operacional.
Dentre elas se podem listar os Pagamentos de: Publicidade e Marketing, Marketing Digital, Assessoria de Imprensa e Relações Institucionais, Investimentos Recorrentes, Programa de Promoção Comercial, Brindes e Amostra Grátis, Programa de Garantia Concedida, Contribuições a Clubes e Associações, Contribuição Sindical Patronal, Assinaturas de Revistas Offline e Virtuais, Seguros e Cartas de Fiança, Despesas de Viagens, Ajuda de Custos, Viagens e Gastos de Representação, Festas e Confraternizações, Auditorias Contábeis e Tributárias, Registro de Marcas, Sistemas e Patentes, Pesquisas de Mercado, Consultorias Financeiras e Organizacionais, Assessorias Jurídicas e Societárias, Gratificações e Benefícios, Cursos e Treinamentos, Rescisões Trabalhistas, P&D, Reformas e Benfeitorias, Manutenção de Móveis e Utensílios, etc., ou em casos extremos, até mesmo as Retiradas de Pró Labore dos Sócios e os Honorários da Diretoria.
Em si, um conjunto importante de rubricas que ajudam a consolidar a empresa e sua atividade-fim, mas que ela não para, caso estes não existam ou ao menos não existam durante algum tempo. Como se pode observar, os Pagamentos do Nível 3 também obedecem à condicionante interna; porém, como já se viu, não é autoimposta, mas talvez sujeitas a recorrentes questionamentos quanto à sua relevância nas conversas da Alta Direção. Assim sendo, podemos chamar este saldo intermediário 3, de Superavit Operacional Ajustado, à medida que é o que sobrou após o pagamento de custos e despesas secundárias ou facultativas.
3.4- Pagamentos do Nível 4 – Estratégicos e Societários
São aqui contemplados os Pagamentos sobre os quais a empesa têm, em certa forma, ampla capacidade de negociar os desembolsos para honrá-los, mas mais do que isto, tem elevado poder decisório para incorrer neles ou não, pois que em tese, tais desembolsos estarão de fora do contexto operacional da atividade-fim ou, ao menos, não intrinsicamente relacionados à sua realização. Neste caso, é possível ponderar que sua decisão de incorrer neles ou não, advém de uma tomada de decisão balizada na perspectiva da existência de fluxo de caixa positivo suficiente e constante ao longo dos períodos em que serão contratados esses compromissos.
Assim, dentre eles se tem: Aplicações Financeiras, Investimentos Estratégicos (CAPEX), PMT de Empréstimos de Terceiros (não bancários), Parcelas de Leasing, Impostos Parcelados (não arrolados em Débito Automático), Transferências Intercompany, Rescisões e Indenizações, Parcelamento de Processos Trabalhistas, Amortização de Empréstimos de Sócios, Distribuição de Lucros aos Sócios e/ou Dividendos aos Acionistas, Empréstimos a Sócios, Doações, Adiantamento de Salários e Férias, Antecipações de 13º Salário, etc. É dizer, compromissos que visam garantir – em essência – riscos mínimos à empresa e a seus sócios, empreender o crescimento futuro da empresa ou consolidação da sua posição no mercado e, por fim, usufruir dos lucros da empresa enquanto investidor. E assim sendo, à medida que não há mais outros grupos de Pagamentos que o de Nível 4, por óbvio chega-se ao Saldo Final de Caixa.
4 – OUTROS BENEFÍCIO DECORRENTES DA REESTRUTURAÇÃO
4.1 – Apuração do EBITDA e Cálculo da NCG
Concomitantemente aos benefícios apontados com base à segregação dos pagamentos e subsequentes apuração de saldos intermediários de disponibilidades no Fluxo de Caixa Reestruturado os subsequentes ganhos na gestão financeira; pondera-se ainda que eles alcancem a apropriada e efetiva apuração do EBITDA, dando consistência ao apurado na DRE com base ao Regime de Competência, também como o cálculo bem mais apurado da NCG - Necessidade de Capital de Giro – com base à prévia estimativa do PMR – Prazo Médio de Recebimentos e do PMP – Prazo Médio de Pagamentos, levando em conta os efetivos vencimentos de Pagamentos e Recebimentos no Fluxo de Caixa Realizado.
4.2 – Levantamento da DRE pelo Regime de Caixa
Também, a partir do uso complementar que lhe é dado ao Fluxo de Caixa nas empresas, especialmente nas de pequeno e médio porte, em que geralmente a Contabilidade é processada externamente e sua visão é fortemente orientada ao atendimento das obrigações fiscais e tributárias e, portanto, sentem falta de um referencial que apoie a tomada de decisões. Nelas, relatórios de Fluxo de Caixa comumente denominam Receitas e Despesas ao que, conceitualmente, seria Recebimentos e Pagamentos e, em função disso, tomadas de decisões da Alta Direção são muitas das vezes amparadas em verdadeiras DREs que surgem a partir da movimentação de entradas e saídas de caixa. Processadas desta vez internamente nas empresas, constituem-se em ferramentas à mão. Por outras palavras, elaboram-se supostas Demonstrações de Resultados pelo Regime de Caixa, quando na verdade misturam contas típicas da DRE e contas da DOAR (Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos), pois que nelas são arroladas custos e despesas incorridas e amortizações de PMTs e parcelamentos, além de distribuições de lucros e outras rubricas, num “demonstrativo” só. Neste aspecto, a mais apropriada segregação de pagamentos, conforme aqui proposto, poderá contribuir para uma aproximação mais factível de uma DRE elaborada pelo Regime de Caixa.
5 – CONCLUSÃO
Relatórios de Fluxo de Caixa segmentados por níveis de saldos intermediários de disponibilidade, elaborados a partir do agrupamento de pagamentos classificados pela sua exigibilidade, podem trazer importantes contribuições à gestão financeira da empresa no seu dia a dia, principalmente, naquelas em que há situação crítica e caótica com relação à liquidez. Assim, a separação de questões rotineiras das estratégicas, nas decisões de pagamento; mas, principalmente, a expectativa de redução de tempo com a administração de problemas, passando a gerar negócios, constituem-se numas das premissas para o seu construto e reestruturação. A concepção do Fluxo de Caixa por Saldos Intermediários de Disponível foi apoiada na estrutura de resultados observados na DRE e nos níveis de Liquidez e Exigibilidades apresentada por Ativos e Passivos, no Balanço Patrimonial.
O que também se buscou aqui de maneira implícita foi promover que nas empresas, especificamente na área financeira, sejam realizadas análises financeiras e análises fundamentalistas equivalentes às já realizadas na Contabilidade e Controladoria com base às Demonstrações Financeiras elaboradas pelo Regime de Competência; dessa vez obviamente recorrendo ao Fluxo de Caixa Reestruturado, elaborado com base ao Regime de Caixa, e que poderá a partir da segregação, tanto de Recebimentos, quanto de Pagamentos, contribuir para a tomada de decisões que vão além das estritamente necessárias e essências à Gestão de Caixa, mas elevem-se à tomada de decisões no âmbito estratégico e negocial.
[1] Estudou Mestrado em Finanças e Economia Empresarial pela Universidade Estácio de Sá (MADE/UNESA), Pós graduação em Engenharia Econômica pela Universidade Gama Filho (CEPAC/UGF), Pós graduação em Qualidade pela Universidade Gama Filho (CEQ/UGF) e é formado em Ciências Contábeis pela Universidad Nacional Mayor de San Marcos (UNMSM), de Lima – Peru.
[2] Embora não abordado pontualmente neste artigo, cabe alertar para o fato de Recebimentos comportarem, não apenas o que decorrem dos clientes, mas também os Prêmios de Seguros recebidos, Indenizações de Processos Judiciais, Resgates de Aplicações Financeiras, Venda de Ativos, Aportes e Empréstimos de Sócios, Empréstimos Bancários e Debêntures, entre outros, e nesse caso, também deverão ser segmentados – ao menos – no que se refere a estas rubricas “extras” por assim dizer.
[3] A urgência ou caráter compulsório desses pagamentos decorre, muitas das vezes, devido ao fato de compromissos que eram catalogados como importantes ou apenas estratégicos e societários, evoluíram para essa condição porque no momento certo não houve a oportuna priorização, em geral, devido a procrastinação observada na Tesouraria da empresa.